Resenhas

Sombra – Karin Alvtegen

Capa do livro em Pt/BrMistérios desenterrados e uma verdade que pode desencadear trágicas consequências Gerda Persson, de 92 anos, morre em seu apartamento e seu corpo só é encontrado três dias depois. Gerda parece ter sido uma pessoa comum, ter vivido uma vida extremamente normal – até sua geladeira ser aberta. Dentro da geladeira, vários livros empilhados de forma organizada e envoltos em plástico estão cobertos por uma camada de gelo – todos escritos pelo mesmo autor, Axel Ragnerfeldt, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Que mistérios conterão estes livros? Marianne Folkesson, curadora de inventários do município, entra em contato com o filho do escritor, Jan-Erik, e descobre que a idosa foi empregada dos Ragnerfeldts por muitos anos. Ao procurar uma foto de Gerda a pedido de Marianne, Jan-Erik se depara com segredos de família: uma história de traições e mentiras que, para os envolvidos, deveria permanecer no passado. A ascensão dos Ragnerfeldts parece ter sido marcada por um crime obscuro – algo que havia sido enterrado pelo tempo e que agora pode vir à tona.

O que eu achei
A obra é um dos livros mais intensos que já li. A filosofia que permeia tanto a esfera familiar quanto os atos da sociedade são os pontos de partida dessa história. A curiosidade em se descobrir como as histórias se interligam é deixado de lado enquanto você respira duas vezes depois de ter lido frases densas que te fazem pensar e repensar suas atitudes quanto indivíduo e cidadão do mundo.

A autora não se priva em deixar tudo no campo das ideias, ela coloca os ideais de suas filosofias em campo nesse livro e nos mostra que não é só nas palavras que devemos tomar nossas atitudes. O ponto alto da história é justamente analisar os atos dos personagens e compará-los lado a lado com suas trajetórias de vida. Nessa obra todos parecem ser verdadeiros personagens da vida real, nada de heroísmo ou decência, mas o lado obscuro de cada um, que transforma todos em seres quase palpáveis de tão reais que são.

Os assuntos debatidos vão desde a eterna busca pela felicidade, consumo consciente, direitos e deveres morais, virtudes, real propósito da luta de classes, até a  construção do que realmente é a grande conquista da vida. Todos os personagens têm, em suma, seu papel nesses debates e cada um deles acaba sendo porta voz de um ou mais temas. Isso que eu achei fantástico.

Sobre o livro
Escrito em 3ª pessoa, o livro tem pouco mais de 300 páginas e li em 4 dias com bastante interesse, principalmente pelas ideias da autora em cada parágrafo. Ela tem uma forma de escrever muito ritmada e te faz perceber que cada capítulo é como se fosse uma dança. Em um capítulo, por exemplo, a autora mostra a decadência, fundo do poço e logo a reerguida de uma das personagens de forma majestosa e primorosa. Me lembrou muito dos filmes do diretor Noah Baumbach (Os Meyerowitz e História de um casamento). Cada capítulo conversa entre si como se o todo fosse mais importante que a parte e mostra que o quebra-cabeças da história é cada vez mais nítido a partir da compreensão do detalhe. Tudo aqui parece ter sido construído com bastante atenção, principalmente nas frases que cada personagem expressa sua forma de pensar em antítese ao outro. Perceba as nuances entre a história de vida e o jeito de pensar de Axel em contrapartida de Jan-Erik, note como a autora fez o possível para os colocar em cantos opostos, mesmo que eles sejam super parecidos. Ela fez o máximo para criar uma mixagem entre Jan-Erik, Alice e Axel, de forma que realmente parecesse que este era filho deles. Trabalho primoroso, sem dúvidas.

Um leitor mais atento aos detalhes vai perceber que as ideias, lugares, frases e cenários são utilizados pela autora em mais de uma ocasião quando são necessários para a história, como se fosse um “destino” para os personagens. (Se você leu o livro vai entender isso quando perceber a “coincidência” da cidade de Västerås ou do termo “jazigo de família” para a história)

O livro não é tão simples quanto aparenta pela sinopse. Não é suspense de banca, principalmente quando você tenta fazer adivinhações em cima da história (como eu geralmente costumo fazer) e percebe que a autora, além de fazer troça das ideias “simples”, ainda brinca com isso as fazendo parecer “ideia de bêbado”. (De todas as sete soluções que eu pensei ter adivinhado, acertei apenas duas)

Esse não é um livro de entretenimento, é um livro denso nas ideias e na filosofia que ele orbita, que faz com que você queira parar um pouco para pensar no que está sendo lido. (Inclusive, essa é uma das opiniões que um dos seus personagens expressa). Você percebe isso ao se confrontar com o título do livro e as mazelas dos personagens, sempre vivendo à sombra do outro, sempre com algo sombrio por trás dos atos etc.

Enfim, esse livro entrou com certeza para a lista de favoritos. Foi uma ótima surpresa pois não sabia nada da história. E com certeza gostaria de ler algum dos outros livros da autora sueca que já recebeu o prêmio Glass Key e foi indicada ao prêmio Edgar. Parece que atualmente no Brasil ela possui apenas 3 livros traduzidos (Lançados pelo Grupo Editorial Record), mas ela escreveu 7 livros e 1 roteiro. Somente 5 livros foram traduzidos pro inglês e um de seus livros foi adaptado para uma mini-série nos Estados Unidos.

Data de leitura: 05/06/2020
Classificado em: ✭✭✭✭✭
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Aventura · Ficção/Fantasia · Resenhas · Sobrenatural

Favela Gótica – Fábio Shiva

Sinopse
Bem-vindos a uma realidade alternativa, onde a monstruosidade cotidiana da cidade grande é revelada em toda a sua crueza e crueldade. Um lugar onde os policiais se transformam em lobos quando a noite cai, onde os políticos são vampiros centenários e os viciados são zumbis, dominados por uma droga que provoca o irresistível desejo de comer cérebros. Uma metrópole infestada de criaturas sinistras: ogros, gárgulas, vermes do pântano, endemoniados e seres bestiais acometidos pelo Mal de Circe, que faz vir à tona o lado animal de cada um.
É nesse dantesco cenário que vamos encontrar Liana, uma jovem zumbi em sua árdua jornada das trevas da ignorância para a luz do autoconhecimento. Nessa aventura, ela precisa enfrentar os monstros externos e internos se quiser conquistar o grande prêmio: descobrir sua verdadeira natureza; e, assim, cumprir sua missão. Tudo isso em meio a uma trama de assassinato, perseguição e muitas reviravoltas, que envolvem misteriosos seres interdimensionais e um asteroide em rota de colisão com a Terra.
Uma história onde a fantasia é tão apavorante que chega a se confundir com a mais pura realidade.

O que achei: Boa ideia já a execução nem tanto
Inicialmente não me apeguei a história, mesmo reconhecendo que a personagem principal era uma viciada, achei desnecessário o início ser sombrio nesse tanto, somente ao longo da leitura você percebe que o foco muda aí se interessa pela história.
A proposta inicial, de se passar em uma favela é interessante, mas percebi que o autor se demorou muito em cenas que não tinham necessidade, já que o restante do livro não se baseia nisso e você logo percebe a diferença de foco ocorrendo durante a leitura. 
Admito que o que me fez continuar a leitura foi a curiosidade, pois a história principal não tinha muito fundamento, as histórias ocorriam de maneira corrida e com situações que eram resolvidas muito facilmente, eu entendo que o autor colocou essas cenas propositalmente com o intuito de denunciar as questões sociais (o que é louvável), porém creio que tenha ficado demasiado forçado pela quantidade de situações, fazendo assim com que o leitor ficasse pouco envolvido na história dessas personagens. E como todas passavam rapidamente pela história e não se faziam presentes nela, acaba que até a personagem principal ficou mal desenvolvida, rasa
Essa maçaroca de situações me lembra histórias como Alice no país das maravilhas ou O mágico de Óz, onde essas acontecem e terminam rapidamente sem muita explicação.
Mas tudo muda da segunda parte em diante. A ideia dos registros akáshicos é sensacional, uma ótima sacada até. A história secundária (que depois se torna a principal) sinceramente é a melhor parte! O autor lança mão de uma história mediana para só depois revelar a verdadeira história, que aí sim, merece atenção! Eu diria que apesar dessa segunda parte ter se tornado uma ótima história, infelizmente o autor correu muito com a resolução desse plot e por isso acabou desandando com a ideia, que por si só já é ótima.
Em suma, a história é bem interessante com MUITAS críticas sociais, com boas tiradas, ideias super interessantes de ficção científica, filosóficas e críticas religiosas (que achei desnecessário). O final com certeza deixa muitas perguntas em aberto que sinceramente eu gostaria de ver a resolução.

Data de leitura: 12/02/2020
Classificado em: ✭✭✭✭✩

Ficção/Fantasia · Mistério · Resenhas · Romance · Sobrenatural · Suspense

Armadilha do Tempo

511527bb41363d9b886c178722bdfba7BAo mudar-se para a unidade 91 do Cosmopolitan, o protagonista é envolvido em uma fantástica e improvável viagem no tempo: quando sai à rua, ele volta duas décadas no passado. O apartamento, porém, continua no presente, plenamente funcional. O processo parece condenado a repetir-se indefinidamente. O que você faria caso tivesse acesso aos segredos do passado? Se um evento extraordinário lhe concedesse a oportunidade de vivê-lo novamente? Caso fosse obrigado a alternar entre passado e presente? São dessa natureza os questionamentos do protagonista enquanto tenta escapar da armadilha do tempo. Libertar-se irá demandar investigações, trabalho conjunto, sorte e paixão. Nem todos estarão dispostos a ajudá-lo. Há, no passado, alguém à espreita. À espera da sua chegada.

A história já te atrai pela premissa, afinal viagem no tempo é interessante sempre! Apesar de parecer batido, o autor consegue diferenciar sua história das já batidas histórias de viagem no tempo hollywoodianas. A história, ao meu ver, se destaca por isso uma grande sacada do autor foi tentar se distanciar dos clichês.

Quanto aos detalhes técnicos: Inicialmente, a escrita do autor te deixa um pouco confuso pois ele só transmite os pensamentos do protagonista, já que o livro é escrito em primeira pessoa. Além do fato de ele, o autor, usar uma linguagem menos usual. Passa uma ar de prepotência em algumas partes da história. Creio que como o livro se trata, mais ou menos, de um relato da experiência do protagonista, poderia ter sim uma linguagem menos formal e mais “amigável” ao leitor.
Um segundo ponto negativo é que a narração é pesada e muito cheia de pensamentos do personagem, o que torna um pouco maçante e o texto menos fluido. Ele inclui essas partes “filosóficas” em meio à muitas partes onde se espera ação, isso deixa o leitor frustrado.

Quanto a história: o protagonista é um total estranho ao leitor, o que torna a história interessante pois você vai entendendo (ou tentando entender) a cabeça do personagem enquanto a história vai prosseguindo, sem ter ideia do que poderia acontecer e que decisões ele poderia tomar. Porém, apesar de estar preso numa situação estranha à normalidade, poderia sim ser mais analítico quanto algumas coisas óbvias, ou pelo menos passar essa impressão ao leitor, o que pareceu no decorrer da leitura foi que o personagem era um bobão desatento.

Sobre o romance, ele poderia ter sido desenvolvido de forma mais natural, pois pareceu forçado em algumas partes e um pouco fora da realidade em outras. Houve uma espécie  de aventura amorosa que era forte e depois fraca. O que pareceu para mim foi que o autor escreveu a história pensando em uma coisa, mas no meio do caminho desistiu da ideia e finalizou a história.

A história passa a se desenrolar do meio pro fim, o que não é necessariamente ruim, porém te faz pensar e sentir no decorrer da leitura que muito do que foi lido foi apenas para encher a história de firulas, sem que elas façam diferença na trama principal o que causa a impressão que algumas partes eram somente enrolação para ter mais páginas no livro. Apesar do livro ser curto, ele poderia ser mais interessante, ao meu ver, se o autor tivesse posto mais partes que poderiam impactar e dar prosseguimento à trama principal, que somente ideias e “aventuras” sem sentido para a história do personagem. O que deu ao final um tom enevoado e poderia ter sido mais claro e objetivo, mudando algumas partes da conclusão para tanto. Pois tudo aconteceu rápido de mais no fim sendo que a história, como já dito antes, se alongou muito até aqui sem dar expectativas muito boas para o fim.

Conclusão: O livro é interessante, com uma boa premissa e conclusão. Vale a pena ser lido com certeza, além de ser escrito por um autor brasileiro e se passar em territórios tupiniquins! Isso valoriza muito nossas histórias. Além disso o ebook é baratinho na Amazon e para quem tem Kindle Unlimited é gratuito!

Link do autor: Skoob

Data de leitura: 08/11/2018
Classificado em: ✭✭✭✭✩

Mistério · Resenhas · Suspense · Thriller Psicológico

A Mulher na Janela

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Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e… espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo?

Eu preciso deixar claro que não dava nada por esse livro, porque o enredo é tão batido e já trabalhado no cinema e nos livros que não achei que seria muito diferente do que já havia visto anteriormente, porém sim, me surpreendi. Não com o desfecho ou o enredo, mas como a história foi contada, isso muda completamente a avaliação que você pode ter sobre um determinado livro. O autor fez uma mistura de histórias bem feitas e conseguiu trazer uma novidade, por isso me interessei tanto por ela.

A.J. Finn consegue passar aqui uma mistura de tensão e suspense de forma perfeita, mesclando-as entre pensamentos e discussões internas de Anna! Apesar da história se passar inteiramente na casa de Anna, não se torna cansativo e nem monótono. A personagem é uma agorafóbica então ela nunca sai de casa, mantendo todo o foco narrativo aos dias da personagem e seus hábitos, que diga-se de passagem, são interessantíssimos (pelo menos pra mim) 😊 Como é escrito em primeira pessoa, você se sente na pele da personagem e isso influencia muito no decorrer da história.

A escrita desse autor me encantou muito, ele consegue te manter interessado mesmo quando a história está numa parte monótona. Ele tem boas tiradas e você sente que o autor não quer passar o leitor para trás. Ele entende que o leitor provavelmente já chegou aquela conclusão e procura colocar ela na trama, dando espaço para o leitor ter da onde fazer suas suposições. Isso para mim é fantástico! Sou uma leitora exigente. 😉

O enredo, não é nada inovador, na verdade é até bem batido, mas o que traz essa vontade de ler não é só pelo enredo, mas também pela ideia de ter uma personagem  com uma doença psicológica, isso transforma totalmente o ambiente onde a história será contada, você se sente na pele dela e dá sim vontade de entender mais sobre a vida dela e o porquê dela ter visto o que viu! O final também não é nada muito elaborado mas dá sim uma satisfação muito boa, o autor não deixou a desejar aqui, apesar de ser um final  previsível pelos amantes de thrillers e já familiarizados com esse tipo de enredo. Mas aos desavisados ou leitores de primeira viagem é uma surpresa e tanto! 😉

Quanto a edição, não tenho palavras, a Arqueiro sempre faz ótimos trabalhos de diagramação, capa e tradução.

Conclusão: É uma leitura muito agradável, fluida, prazerosa e muito interessante. Diria que ainda mais para os amantes de thriller psicólogos pela carga de referências que tem ao longo do livro. Recheado de cultura pop e muitas referências aos mestres do suspense. Recomendo!

Data de leitura: 05/10/2018
Classificado em: ✭✭✭✭

Resenhas · Suspense · Thriller Psicológico

A Fazenda

A_FAZENDA_1423570208375519SK1423570208BAté o momento em que ele recebeu um telefonema desesperado de seu pai, Daniel acreditava que seus pais estavam indo para uma aposentadoria tranquila, bem merecida, numa fazenda bucólica na zona rural Suécia. Mas, com um telefonema, tudo muda. “Sua mãe não está bem” seu pai lhe diz., “Ela está imaginando coisas – terríveis, coisas terríveis. Ela teve um surto psicótico e foi internada em um hospital mental”. Antes de ir à Suécia visitar sua mãe ele recebe um telefonema dela dizendo: “Tudo que esse homem falou é mentira. Eu não sou louca. Não preciso de um médico. Preciso da polícia…”

 

Vamos aos detalhes técnicos: A diagramação é interessante e desperta muita curiosidade, porque é em formato diálogo. Escrito em primeira pessoa. Todo início de capítulo é marcado pelas impressões de Daniel e logo abaixo o relato de sua mãe sobre determinado assunto. E na minha opinião, desperta o interesse do leitor por ser mais “aberto” e convidativo, não em forma direta de texto, que torna o conteúdo extenso e maçante.

Aos erros de gramática ou de digitação: Encontrei alguns erros, mas nada que possa complicar a leitura ou o entendimento do texto. A editora Galera Records é uma das minhas prediletas nesse sentido. Diagramação e gramática sempre muito bem feitas!

Quanto à história: É uma história muito tensa. O autor consegue passar uma penumbra envolta dos personagens de forma bem consistente, não parece forçado. Você se pega do início ao fim desacreditando e acreditando na história de Tilde. Você cria suas suposições e não consegue adivinhar o final. (Só perto do fim, bem perto mesmo kkkk). O enredo é bem fechado e não tem muitas pontas soltas, ele consegue se fechar em torno do que o autor propôs de forma interessante.

Conclusão: Para quem gosta de histórias de suspense psicológico eu recomendo esse livro. É diferente de outros suspenses psicológicos porque aqui você tem uma visão de um segundo personagem contando sua visão à outro. Então você consegue ter três interpretações da mesma história: A de Daniel, de Tilde e a sua própria. E essa construção foi feita com maestria pelo autor.

Data de leitura: 15/09/2018
Classificado em: ✭✭✭✭✩

Mistério · Resenhas · Suspense · Thriller Psicológico

Indo longe demais

INDO_LONGE_DEMAIS_1412174371BEmily Coleman tem uma vida aparentemente feliz, um filho adorável e um marido perfeito, mas, numa certa manhã, decide deixar tudo para trás… Para onde ir agora? O que fazer? Emily está perdida, sozinha no mundo e, por mais que ela tente, não consegue fugir de um passado perturbador.
Com uma narrativa ágil e instigante, Tina Seskis conduz o leitor por frustrações, medos e traumas da protagonista que, depois de uma reviravolta em sua vida perfeita, decidiu que o melhor a fazer seria fugir do próprio destino. Com um final surpreendente e uma trama de tirar o fôlego, Indo longe demais é um suspense fascinante, que prende o leitor do início até a última página.

O que dizer sobre esse livro? Já adianto que sim, foi uma decepção. Vou tentar explicar o porquê. 😪

Houve um emaranhado de ideias boas, porém mal aproveitadas. Logo no início do livro você entende o que aconteceu na infância da personagem para que ela pudesse ter motivos para fazer o que fez, mas não! Não houve nada na infância dela e nem em nenhuma parte do passado dela que pudesse fazer sentido relevante para a história.

O que me pareceu foi que a autora queria justificar a vida perfeita da personagem e não o que a levou a fazer o que fez e abandonar tudo.

A protagonista é insossa, sem graça e você não a compreende, mesmo tentando. No fim do livro, quando finalmente você descobre o porquê e como as coisas estão se resolvendo, você se sente traído pela autora. É uma história sem nexo. Os fatos vão acontecendo meio que sem sentido algum, sem nenhuma linha dedutiva ou sequer uma linha plausível. Você jura que está perdendo alguma coisa no decorrer da história, porque de verdade, não faz sentido.

As outras personagens da história poderiam ajudar a guiar a história para um determinado rumo, mas elas são todas inúteis. A autora criou umas cinco personagens que realmente são feitas de papel. Parece que nem sequer existem no cenário que ela criou. O que você sente é que as personagens só existem quando estão na presença da protagonista, isso faz com que a história fique sem realismo.

Uma pena, pois o enredo é realmente interessante, com uma premissa boa, mas foi mal executado. É um sentimento tão ruim quando você lê uma história com muito material bom, mas que ao ser colocada no papel dá errado. 😪

A história é escrita em primeira e terceira pessoa em capítulos alternados entre passado e presente. Algumas vezes um justifica o outro.

A edição da Galera Record está de parabéns, novamente. O livro tem uma ótima fonte, diagramação, capa e tradução. São realmente ótimos, os trabalhos da editora.

Data de Leitura: 19/08/2018
Classificado em: ✭✭✩✩✩

Resenhas · Suspense · Thriller Psicológico

No escuro

NO_ESCURO_1452186229300601SK1452186229B“Cathy conhece Lee, o partido ideal que conquista não só ela, mas todas suas amigas e amigos. Com o tempo, porém, o homem louro de olhos azuis, que parece o sonho de qualquer mulher, revela-se extremamente controlador e faz com que Catherine se sinta isolada. Amedrontada pelo jeito cada vez mais estranho de Lee, Catherine tenta terminar o relacionamento, mas, ao pedir ajuda aos amigos, descobre que ninguém acredita nela. Sentindo-se no escuro, ela planeja meticulosamente como escapar dele. Quatro anos mais tarde, Lee está na prisão e Catherine, agora Cathy, tenta reconstruir a vida em outra cidade. Com a ajuda de seu novo vizinho Stuart, Cathy começar a acreditar que ainda exista a chance de uma vida normal. Até que um telefonema inesperado muda tudo.”

Apesar de não ter gostado muito do outro título que li de Elizabeth Haynes (Aqui), este livro foi uma surpresa agradável. A história, claro é trágica, mas é muito interessante ver o processo de evolução da personagem Catherine, ao longo dos capítulos.

Detalhes técnicos: É totalmente escrito em primeira pessoa, alternando entre passado e presente (quatro anos depois). Que nos deixa entender verdadeiramente os traumas e preocupações da personagem, não tornando algo maçante e sem nexo, pelo contrário, sem essa intercalação entre os períodos, jamais saberíamos o porquê da personagem se tornar o que se tornou, com todas as manias. Por vezes os capítulos se tornam muito à flor da pele, mas creio ser esse o intuito da autora. Então, não é recomendado à pessoas “fracas”.

Erros de digitação/gramática: A edição que li foi em e-book e a Intrínseca está de parabéns pelo trabalho dessa edição. Estava impecável. Sem muitos erros de digitação, nem nada que pudesse irritar um leitor mais crítico nesse sentido.

História: O enredo é interessante de imergir, porém houve alguns períodos durante a leitura que a personagem se torna muito aventureira, digamos assim. Algo incoerente com o que ela esteve vivendo até então, ela se torna até um pouco imprudente. Creio que esta deve ter sido a melhor solução que a autora encontrou para desenrolar a trama, porém torna a veracidade da conduta da personagem um pouco fora da realidade ao qual o leitor se habituou. Mas isso não torna o livro ruim ou nada disso.

Conclusão: A história é sim recomendável à pessoas que gostam e sentem vontade de ler um bom thriller psicológico. Pois retrata de forma lúcida a transformação realista da personagem que antes era forte e independente em alguém inversamente proporcional. Acompanhar Catherine nesta transformação é algo desconcertante e bem intenso. Portanto, se você é um leitor que se sente na pele dos personagens e costuma entender porquê ele faz o que faz, recomendo a leitura. Elizabeth está de parabéns com a construção e veracidade que ela consegue transpor a personalidade de Catherine.

Data de leitura: 01/08/2017
Classificado em: ✭✭✭✭✩

Mistério · Resenhas · Sobrenatural · Thriller Psicológico

As Gêmeas do Gelo

AS_GEMEAS_DO_GELO_1456252317565976SK1456252317B.jpgUm thriller psicológico aterrorizante perfeito para os fãs de A Garota no Trem
Um ano depois de Lydia, uma de suas filhas gêmeas idênticas, morrer em um acidente, Angus e Sarah Moorcroft se mudam para a pequena ilha escocesa que Angus herdou da avó, na esperança de conseguirem juntar os pedaços de suas vidas destroçadas. Mas quando sua filha sobrevivente, Kirstie, afirma que eles estão confundindo a sua identidade — que ela é, na verdade, Lydia — o mundo deles desaba mais uma vez. Quando uma violenta tempestade deixa Sarah e Kirstie (ou será Lydia?) confinadas naquela ilha, a mãe é torturada pelo passado — o que realmente aconteceu naquele dia fatídico, em que uma de suas filhas morreu?

Antes de mais nada, quero falar sobre a edição da Bertrand, diagramação impecável, tradução bem limpa e sem erros! Deixa eu me explicar, é que ultimamente quase todos os livros que leio tem alguns errinhos de digitação, tradução ou problemas com palavras trocadas 😀
Porém… Em algumas partes o texto se torna muito confuso quando tenta misturar pensamentos, ações e falas de Angus, já que o livro é intercalado entre Sarah, onde é narrado em primeira pessoa e Angus na terceira pessoa. Isso trás confusão pois o autor quis manter os pensamentos de Angus, mas em terceira pessoa trás muita impessoalidade.

O enredo é bem intenso (Claro, por causa da morte de uma das gêmeas) e a atmosfera montada ao longo da história é sempre bem dark. O desfecho não é tão previsível, mas logo se percebe que o embromation impera nessa história. São 362 páginas que poderiam ser encurtadas em umas 200 no máximo, algumas partes são maçantes até, fazendo com que o plot twist fique meio sem graça.

Outro ponto, os personagens são totalmente chatos e não dá para se apegar a nenhum deles. Para mim a pior personagem é a gêmea que sobreviveu. Ela tem 7 anos, mas em nenhum momento ela aparenta a idade que tem.

É um thriller psicológico com algum quê de sobrenatural, mas não se sustenta muito bem assim. O que me pareceu foi que o autor foi tendo ideias de final enquanto escrevia e foi mudando de ideia até que decidiu terminar o livro.
Veja bem, não é uma história ruim, é apenas um emaranhado de boas ideias que não foram bem aproveitadas.

Obs.: Ao contrário do que é falado na sinopse, esse livro não tem nada de perfeito para quem é fã de Garota no Trem. Não lembra nem de longe!

 

Quando li: 15/07/2017
Classifiquei em: ✬✬✬✫✫

Resenhas · Thriller Psicológico

Lúcida

LUCIDA_1472592808608559SK1472592808BUm thriller psicológico eletrizante, do roteirista de Rain Man e O casamento do meu melhor amigo. Sloane é uma aluna nota 10, com uma grande e amorosa família. Maggie vive uma existência glamorosa e independente, como aspirante a atriz em Nova York. As duas não poderiam ser mais diferentes. A não ser por um pequeno detalhe, algo que não têm coragem de revelar a ninguém. À noite, cada uma sonha que é a outra. Os sonhos são tão vívidos que as garotas sentem e experimentam o que a outra está passando naquele momento. Seriam as duas reais? Uma delas estaria mentalmente instável e imaginando a outra? Seriam ambas a mesma pessoa? Qual delas é real?

Esse livro é simplesmente lindo! Me apeguei as duas personagens, aliás a todos os personagens do livro! Tenho que dizer sem dúvida, que este “thriller” foi o mais diferente que eu já li até hoje (no sentido de não parecer um thriller. Sem aquele tom “dark” que os trillers geralmente têm). A história é toda voltada para o dia-a-dia dessas duas meninas Maggie e Sloane, que são totalmente diferentes entre si, além de morarem em cidades distintas, terem interações, emoções e realidades completamente diferentes, elas possuem essa única coisa em comum, uma sonha com a outra.

Lendo a sinopse, você não identifica nada muito considerável de como será a pegada da história, até que lê as primeiras páginas e já consegue sentir o clima do livro a partir dali. É uma narrativa em primeira pessoa, alternando entre Maggie e Sloane ao longo de vinte e cinco capítulos que são facilmente devoráveis e super interessantes. Você se prende rápido a uma das duas e depois se apaixona pelas duas (Pelo menos foi o que aconteceu comigo, de cara me apaixonei pela Maggie). As cenas são super fluídas e a atmosfera do livro é bem clean mesmo.

O final é bem interessante, creio que não vá responder a todas as suas perguntas, mas vai te ajudar a desenvolver algumas boas hipóteses. Eu fiquei o dia inteiro refletindo nos últimos cinco capítulos. Não é entediante, sério. É uma história bem complexa mas não é confusa. Eu gosto de ficar pensando sobre a história durante algumas horas, sentindo, ou tentando sentir o que as personagens sentiam no desenrolar da trama.

Já no quesito edição, para mim, essa foi uma das piores edições da editora Galera Record. Muitas palavras trocadas, frases com sentido alterado, algumas frases com palavras que faltavam. Sinceramente, não parecia um livro da Galera Record. Me peguei lendo e relendo várias vezes alguns trechos para ver se faziam sentido, até perceber que era erro de edição. Então, espero que no futuro a editora arrume esses errinhos que são muito chatos durante a leitura.

No mais, eu achei um livro muito interessante. Com uma pegada de thriller psicológico, mais puxado para um YA, o que não faz ele ser menos interessante. Leitura recomendada. 😉

Quando li: 11/07/2017
Classifiquei em: ✬✬✬✬✬

 

Mistério · Resenhas · Suspense · Thriller Psicológico

O Sorriso da Hiena

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É possível justificar o mal quando há a intenção de fazer o bem?

Atormentado por achar que não faz o suficiente para tornar o mundo um lugar melhor, William, um respeitado psicólogo infantil, tem a chance de realizar um estudo que pode ajudar a entender o desenvolvimento da maldade humana.
Porém a proposta, feita pelo misterioso David, coloca o psicólogo diante de um complexo dilema moral. Para saber se é um homem cruel por ter testemunhado o brutal assassinato de seus pais quando tinha apenas oito anos, David planeja repetir com outras famílias o mesmo que aconteceu com a sua, dando a William a chance de acompanhar o crescimento das crianças órfãs e descobrir a influência desse trauma no crescimento delas.
Mas até onde William será capaz de ir para atingir seus objetivos?

Em O sorriso da hiena, Gustavo Ávila cria uma trama complexa de suspense e jogos psicológicos, em uma história que vai manter o leitor fisgado até a última página enquanto acompanha o detetive Artur Veiga nas investigações para desvendar essa série.de crimes que está aterrorizando a cidade.

Esse é o primeiro romance do autor brasileiro Gustavo Ávila e posso afirmar que já começou muito bem! Esse livro é impressionante não só pela ideia em si, mas na forma como o autor expõe ela de uma forma geral! Um thriller magnífico, sem deixar nada a dever! É uma história surpreendente e é muito mais do que aparenta!
Além de confrontar o leitor com perguntas e situações que perturbam a moralidade, ele responde de maneira genial a essas indagações durante a história e consegue te fazer pensar e refletir essas questões. Eu fiquei pensando sobre elas mesmo depois de terminar o livro! Genial!

Falando sobre a escrita de modo geral é narrada sempre em terceira pessoa, bem fluida, fácil de ler, sem enrolações, com diálogos bem formulados que trazem alma aos personagens, com tiradas rápidas e situações cotidianas simples.
O autor trás várias situações de reflexão entre o que é moralmente aceitável ou não, pela visão de cada personagem, fazendo com que a indagação seja plausível para eles naquele momento o que ajuda na construção verossímil de cada personalidade dentro da história. Os personagens são perfeitamente construídos e são transparentes, quase palpáveis, cada um com suas peculiaridades humanas e bem definidas.

A história é bem dinâmica e dá vontade de saber mais e mais sobre o que vai se desenrolar da trama. Recomendo muito essa leitura, vale muito a pena!

Quando li: 02/07/2017
Classifiquei em: ✬✬✬✬✬